Thursday, December 29, 2005

hoje acordei com uma estranha sensação, algures meio palmo acima do umbigo e, fosse possível, um quarto de palmo para dentro, a sensação trazia algum desconforto, parecia familiar mas custou-me quase tanto a reconhecer como a descrição da escada em espiral à entrada do Museu do Vaticano com que me cruzei no livro que ao me deitar estava a ler... ao reconhecer, um sorriso invadiu-me, um sorriso semelhante ao que tive ao relembrar a escada fotografada há sete anos atrás... estava com fome, que saudades.

Wednesday, December 28, 2005

há dias em que nada corre bem...

nesses dias o melhor é ir correr.

Tuesday, December 27, 2005

É tempo de repensar o meu próximo ano de vida...

... necessidade mais premente quando a primeira mensagem do dia vem da "sucursal millennium BCP Coimbra Solum"!
Where has it gone wrong?

Friday, December 23, 2005

...talvez não seja do café.

estou aos saltos com esta cena do natal, gosto destas despedidas e desejos de boas festas, hoje apetecia-me ir por aí a correr sobre as cadeiras dos espectadores que são todos eles também actores do espectáculo que é a minha vida, e qual Roberto Benigni, dizer:
"Thank you!"
"This is a terrible mistake, because I used up all my English! ... I would like to be Jupiter and kidnap everybody and lie down in the ground making love to everybody - because I don't know how to express - it's a question of love. You are really... this is a mountain of snow, so delicate, the suavity and the kindness, it is something I cannot forget!"
"I'm so happy," he exclaimed, "that every organ in my body is moving in a very bad way!"

Merry Christmas Everybody!!!!!!!!!!

post it mental...

...que eu gostava de escrever hoje sobre o que pensei ontem a noite sobre o café que bebi a meio da tarde.

Thursday, December 22, 2005


Dois dedos de conversa depois já estava ela a dizer que os homens são todos iguais, são egoístas... pois são, e daí? qual é o problema? disse-o com ar descontraído e de brincadeira tentando disfarçar o desconforto com de quem se sentiu subitamente a descoberto...

Este natal está a saber-me muito bem...

muito porque houve um acordo de quase não ir às compras...

Wednesday, December 21, 2005

O meu blog é globalzinho! na faceta mais zinha do conceito global, receio mesmo que nunca tenha sido visto no continente africano... salva-me a américa latina e o texas.

coisas de que gosto e não gosto...

Gosto de que apontem caminhos, gosto que dêem exemplos para explicar a concretização dos caminhos que apontam. Gosto que me chamem a atenção para incoerências, gosto que me relembrem alguma da estória porque tenho uma memória que é muitas vezes selectiva (achei que soava.. na realidade tenho mesmo é falta de memória ponto). Gosto de gente apaixonada.
Não gosto de ouvir ideias repetidas, as ideias perdem o encanto, e fico a pensar que ou existe falta de argumentos (ou me acham muito estúpido). Não gosto dos que tentam rebater ideias com argumentos que nada têm a ver com a ideia a rebater, acho que é uma enorme falta de honestidade (ou capacidade) intelectual.
a vermelho ganha o senhor professor, a amarelo ganha o senhor doutor, a verde perdem os dois, a preto ficam as explicações que fazem com que pense que por agora ganha o que lá não esteve, se chama francisco e preenche grande parte do primeiro parágrafo e do segundo parágrafo apenas lhe aponto uma certa repetição.

Friday, December 16, 2005

Psychophysics Group

on a sunny day.

continuo a carregar no refresh... e nada... nem queria que fosse freshco e bom, queria apenas que fosse ponto.

entretanto os olhos ficam cansados, é a triste sina de quem vive num gabinete pequeno em que a luz é desde a manhã artificial... Fizesse eu um EEG neste mesmíssimo instante e esta seria a componente principal da minha actividade cerebral, não é sequer cerebral, são apenas os olhos que piscam.

Tuesday, December 13, 2005

dou graças à entidade cujo nome não se deve dizer em vão pela inexistência de um relógio nesta sala. Um tictac sincronizado com o meu bater nervoso do pé e o meu demasiado regular refresh do email tirar-me-ia da beira em que me encontro!

Wednesday, December 07, 2005

hoje sinto-me como...

Saturday, December 03, 2005

La marche de l'empereur

Fui ontem, com a minha companheira do costume, ver pinguins filmados em forma de gente... saí de lá a pensar que eram gente estranha... gente obstinada, de relações intensas, românticas, frias e distantes... com objectivos demasiado claros e pouco flexíveis ou solidários com quem fora do seu ninho...
este post tem dois finais possíveis: (i) um dramático, (ii) outro surrealista.


(i) post dramático porque eu sou tão infeliz e todos os que me rodeiam são tão horríveis blablablablablabla

Fui ontem, com a minha companheira do costume, ver pinguins filmados em forma de gente... saí de lá a pensar que eram gente estranha... gente obstinada, de relações intensas, românticas, frias e distantes... com objectivos demasiado claros e pouco flexíveis ou solidários com quem fora do seu ninho... afinal, não são gente tão estranha assim.

(ii) post surrealista porque sempre quis ser artista

Fui ontem, com a minha companheira do costume, ver pinguins filmados em forma de gente... saí de lá a pensar que eram gente estranha... gente obstinada, de relações intensas, românticas, frias e distantes... com objectivos demasiado claros e pouco flexíveis ou solidários com quem fora do seu ninho... afinal são apenas gente, como os gafanhotos!

Pergunto-me muitas vezes se esta correria em que vivemos fará realmente sentido... Talvez não faça, but it wouldn't be half as fun... (este post serve apenas para justificar a reciclagem de imagens antigas)
down the Misti, Maio 2005

Thursday, December 01, 2005

Plagiando-me com a devida autorização


Ao ler o texto do Paulo Varela Gomes sobre a loucura que ataca

Vá para dentro lá fora... e outras ideias soltas
"... era eu na América do Sul qual Bambi pimpante a correr aos pulos pelos mais “insignificantes” becos do Peru.

O porquê dessa loucura? Muitas vezes por serem becos bonitos ou diferentes, outras só pela vaidade de querer ser o primeiro estrangeiro a estar ali em jeito de astronauta que espeta a sua bandeira, outras ainda para sem vaidade querer ser o primeiro estrangeiro. Estar-se num local onde não chegam estrangeiros é pacífico. Ainda que olhado de cima a baixo por gente que, seja nova ou velha, é pequena, rosada1 e inocente. Inocente porque é gente que ainda não se habituou a ter por reflexo à aproximação de gente alta e pálida como eu, o habitual esticar de mão em pedido de uma propina. Foi nestes locais que me senti genuinamente mais bem vindo, bem vindo por simplesmente ter chegado ali, por não ter tido medo do desconhecido, por ter confiado.

Foi no caminho para um lugar com gente assim que, enquanto á beira da estrada procurava um furo no pneu da bicicleta, fui ajudado por um estranho que uma vez resolvido o inconveniente percalço da bicicleta se apresenta como sendo Jesus, se espanta com o meu tão cristão nome (José Pedro) e me acompanha por alguns quilómetros até chegar aos seus campos de arroz enquanto conversamos sobre o sentido da existência, o lugar e a universalidade de Deus, a maravilha que é a Criação (fácil de perceber para quem vive nas vizinhanças da Reserva de Manu2) e a importância do alargamento da estrada que liga Pilcopata a Paucartambo de forma a facilitar tanto a exportação das frutas e arroz como a importação a preços mais razoáveis de todos os outros bens. Despedi-me com um caloroso pakarimkama (até amanhã) e nunca mais o vi. Foi a minha primeira mentira em quechua,.

Foi também num lugar com gente assim que uma jovem senhora (cujo nome, para grande tristeza minha, me escapa) enquanto descascava lentamente uma enorme papaya com uma não menos enorme faca me perguntou se eu não tinha medo de morrer ali... sozinho e tão longe dos meus. Era este o medo que a impedira de continuar a estudar e a ajudara a tomar a decisão de por ali ficar a preparar deliciosos sumos de fruta. Outros que também estavam por ali, mas não eram dali, não tinham tido tal medo. Vítimas dessa falta de medo eram agora professores, de escola primária ou secundária, que todos os anos eram sujeitos à sorte ou azar ditados por concursos de colocação de professores...

Foi assim que (no meio deste contra relógio de sete semanas para chegar ao mais diferente, ao mais isolado e exótico) fui encontrando o semelhante. Foram muitos os semelhantes: os semelhantes gente após descascado o contexto (ainda que não possa deixar de me surpreender com a facilidade com que muitos expuseram a sua vida/humanidade); o semelhante fé, com semelhantes dúvidas (ainda que mais igrejas, credos e músicas); o semelhante sistema com a semelhante cunha e a semelhante chica espertice que desanima quem quer ser correcto no que faz; a semelhante preguiça; o semelhante mercado com semelhantes vendedoras; os semelhantes empréstimos para compra de casa as semelhantes dúvidas vocacionais pré-entrada na universidade (ou saída de um orfanato que só é casa até aos desasseis); a semelhante alegria com a filha prestes a nascer e o semelhante luto (ainda que mastigado com folhas de coca); os semelhantes fogões de lenha; a semelhante exagerada propaganda política (ainda que sempre na forma de murais); a semelhante falta de água (ainda que lá não fosse verão)... Alguns são semelhantes de hoje, outros são-no do tempo dos nossos avós. Conforme me fui balanceando entre uma e outra sensação, fui tentando perceber o que somos nós: país desenvolvido ou ainda demasiado semelhante a um país em vias de desenvolvimento? Talvez os dois. Mas lembrando-me de algumas reflexões em torno da opção preferencial pelos pobres (nomeadamente, que devemos olhar sempre o mundo a partir do lugar do pobre3) fui-me apercebendo que, ainda que não possamos deixar de procurar o nosso “desenvolvimento” e convergência com os mais ricos, o trajecto que já percorremos dá-nos uma enorme responsabilidade para com o outro mais pobre, porque afinal o rico já somos nós."

1 a cor rosada deve-se a um número especialmente alto de glóbulos vermelhos necessários para compensar a falta de oxigénio existente nos Andes

2 a floresta tropical com maior biodiversidade do mundo

3 palavras tantas vezes repetidas pelo Samelo


aconselho vivamente uma ida aqui ao lado para quem quiser ler melhores textos sobre estes e outros sítios, destas e outras gentes com estes ou outros corpos.