De Amesterdão a Moshi
A mochila está preparada para subir o Kilimanjaro várias vezes, uma em dia de sol, outra em dia chuva e não vá dar-se o caso de estarem -30 graus… estamos preparados com calças de ski e terceira camada de luvas. Aquilo que começou por ser uma mochila com 6kg com saco cama tem agora 15.. sem saco cama. A noite foi mal dormida, terá sido da barba que não é cortada desde o princípio do mês? O despertador tocou finalmente às 5.45 e fui tratar antes de mais... do essencial. Fiz a barba. Quando finalmente regressei às coisas supérfluas, como preparar-me para sair, fui encontrar uma festa de anos que me esperava na sala. A viagem comecava a 27 de Dezembro, dia de completar 42 anos desta vida. A Wietske, as 3 miúdas e muitas prendas e abracos. Que bom, que boa festa! Que vontade de ficar, ou de pelo menos garantir que volto inteiro para as continuar a acompanhar. A festa foi difícil de deixar, mas os sapatos de caminhada já estavam na mala e nos pés tinha os de corrida que me ajudaram a chegar a tempo e horas ao comboio em que finalmente consegui dormir. Chegado a Schipol onde tinha o meu vôo directo para o Kilimanjaro International Airport, não consegui evitar aquela sensação de que toda a gente se preparava para ir até ao topo de África e parecia melhor preparada que eu. Raios, não devia ter feito a barba. E talvez não esteja assim tão preparado para todas as condições. Andei por isso a caçar sacos de plástico onde pôr meias cuecas e assim garantir uma muda seca em caso de uma boa chuvada. O voo foi feito à janela.. sem muito para ver durante a primeira hora.. até que de repente as nuvens se abriram e montanhas cheias de neve espreitaram. Não reconheci ali a Suíça, um lago grande fez-me pensar sem nenhuma boa razão no lago de garda.. interrompi o romance que me estava a acompanhar e encontrei no mapa interactivo do voo que estava a passar sobre Trento, a cidade onde fiz os meus estudos de Erasmus em 1998. Pouco depois passámos por Zadar, local da mihna primeira conferencia internacional no verão de 2000. E por fim fomos sobreviar a grécia, país da minha primeira lingua. Começo a achar que esta aventura não será apenas um capricho mas terá muito de bom. A viagem sobre África foi uma estreia. Egipto, Sudão e Etiópia… tanta areia, tanto deserto, tanto vazio, e de repente lagos e rios improváveis que parecem já ter sido maiores. E o pôr do sol quê durou uma eternidade fruto de estarmos a ir em direção a sul, senti-me um modo que vos pelas primeira vez e não consegue resistir a tirar fotografias pela janela…